quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da Fé

O Concílio Vaticano II no documento Lumen Gentium no ponto 14 dirige-se a nós que somos católicos e fomos baptizados na Igreja, falando-nos da Salvação.

Leia-mos com atenção:
"14. Os fiéis católicos; a necessidade da Igreja
O sagrado Concílio volta-se primeiramente para os fiéis católicos. Fundado na Escritura e Tradição, ensina que esta Igreja, peregrina sobre a terra, é necessária para a salvação. Com efeito, só Cristo é mediador e caminho de salvação e Ele torna-Se-nos presente no Seu corpo, que é a Igreja; ao inculcar expressamente a necessidade da fé e do Baptismo (cfr. Mc. 16,16; Jo. 3,15), confirmou simultaneamente a necessidade da Igreja, para a qual os homens entram pela porta do Baptismo. Pelo que, não se poderiam salvar aqueles que, não ignorando ter sido a Igreja católica fundada por Deus, por meio de Jesus Cristo, como necessária, contudo, ou não querem entrar nela ou nela não querem perseverar.

São plenamente incorporados à sociedade que é a Igreja aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, aceitam toda a sua organização e os meios de salvação nela instituídos, e que, pelos laços da profissão da fé, dós sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão, se unem, na sua estrutura visível, com Cristo, que a governa por meio do Sumo Pontífice e dos Bispos. Não se salva, porém, embora incorporado à Igreja, quem não persevera na caridade: permanecendo na Igreja pelo «corpo», não está nela com o coração (26). Lembrem-se, porém, todos os filhos da Igreja que a sua sublime condição não é devida aos méritos pessoais, mas sim à especial graça de Cristo; se a ela não corresponderem com os pensamentos, palavras e acções, bem longe de se salvarem, serão antes mais severamente julgados (27)."

As notas de rodapé 26 e 27 são as seguintes:
(26) - Cfr. S. Agostinho, Bapt. c. Donat. V, 28, 39: PL 43, 197: «C'erte manifestum est, id quod dicitur, in Ecclesia intus et foris, in corde, non in corpore cogitandum». Cfr. ib., III, 19, 26: col. 152; V, 18, 24: col. 189; In Io. Tr. 61, 2: PL 35, 1800, etc. etc.
(27) - Cfr. Lc. 12, 48: « Omni autem, cui multum datum est, multum quaeretur ab eo». Cfr. Mt. 5, 19-20; 7, 21-22; 25, 41-46; Tg. 2,14. 

As passagens do Evangelho indicadas na nota de rodapé 27, que se referem a que no caso de não correspondermos com os pensamentos, palavras e acções à graça de Cristo bem longe de nos salvarmos seremos mais severamente julgados, são as seguintes:
(Lc. 12, 48) "A quem muito foi dado, muito será exigido; e a quem muito foi confiado, muito será pedido."

(Mt 5, 19-20) "Portanto, se alguém violar um destes preceitos mais pequenos, e ensinar assim aos homens, será o menor no Reino do Céu. Mas aquele que os praticar e ensinar, esse será grande no Reino do Céu. Porque Eu vos digo: Se a vossa justiça não superar a dos doutores da Lei e dos fariseus, não entrareis no Reino do Céu."

(Mt 7, 21-22) "Nem todo o que me diz: ‘Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu. Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos, em teu nome que expulsámos os demónios e em teu nome que fizemos muitos milagres?"

(Mt 25, 41-46) "Em seguida dirá aos da esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos! Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me.’ Por sua vez, eles perguntarão: ‘Quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos?’ Ele responderá, então: ‘Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.’ Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna."

(Tg. 2,14) "De que aproveita, irmãos, que alguém diga que tem fé, se não tiver obras de fé? Acaso essa fé poderá salvá-lo?"

Por estas leituras dá para compreender porque o Senhor nos indicou que o caminho é estreito e largo é o caminho que leva à perdição. Realmente necessitamos da Graça e ajuda de Deus para chegarmos até Ele.

A todos nós, católicos, lembro a exortação do Senhor "Porque dormis? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação" (Lc 22, 46).

Disse Nossa Senhora do Rosário de Fátima na 3ª aparição: "Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da Fé", coloquemos isso em prática, coloquemos o coração em Deus e pratiquemos a verdadeira Caridade, ignorar e relativizar a Fé é abandonar o caminho de Salvação.

Qual é então a verdadeira Caridade?
É amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus.
Deus é o princípio e fim de todas as coisas, é onde temos e recebemos o amor para como Cristo servirmos o próximo, levando-lhes o amor de Deus.

Sem esta Caridade, realizada no amor de Deus e ao próximo não existe salvação. "Porque dormis? Levantai-vos e orai, para que não entreis em tentação".
Alimentemos a Fé, meditando na Verdade e praticando a Caridade, assim "Em Portugal conservar-se-á sempre o dogma da Fé" e estaremos com o Senhor no Seu Reino.

Explica assim o Catecismo o que é a Caridade:
388. O que é a caridade?
A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos por amor de Deus.
Jesus faz dela o mandamento novo, a plenitude da lei.
A caridade é «o vínculo da perfeição» (Col 3,14) e o fundamento das outras virtudes, que ela anima, inspira e ordena: sem ela «não sou nada» e «nada me aproveita» (1 Cor 13,1-3).

1822. A caridade é a virtude teologal pela qual amamos a Deus sobre todas as coisas por Ele mesmo, e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.

1823. Jesus faz da caridade o mandamento novo (75). Amando os seus «até ao fim» (Jo 13, 1), manifesta o amor do Pai, que Ele próprio recebe. E os discípulos, amando-se uns aos outros, imitam o amor de Jesus, amor que eles recebem também em si. É por isso que Jesus diz: «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor» (Jo 15, 9). E ainda: «É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei» (Jo 15, 12).

1824. Fruto do Espírito e plenitude da Lei, a caridade guarda os mandamentos de Deus e do seu Cristo: «Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor» (Jo 15, 9-10) (76).

1825. Cristo morreu por amor de nós, sendo nós ainda «inimigos» (Rm 5, 10). O Senhor pede-nos que, como Ele, amemos até os nossos inimigos (77), que nos façamos o próximo do mais afastado (78), que amemos as crianças (79) e os pobres como a Ele próprio (80).

    O apóstolo São Paulo deixou-nos um incomparável quadro da caridade: «A caridade é paciente, a caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse, não se imita, não guarda ressentimento, não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta» (1Cor 13, 4-7).

1826. Sem a caridade, diz ainda o Apóstolo, «nada sou». E tudo o que for privilégio, serviço, ou mesmo virtude..., se não tiver caridade «de nada me aproveita» (81). A caridade é superior a todas as virtudes. É a primeira das virtudes teologais: «Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade» (1 Cor 13, 13).

1827. O exercício de todas as virtudes é animado e inspirado pela caridade. Esta é o «vínculo da perfeição» (Cl 3, 14) e a forma das virtudes: articula-as e ordena-as entre si; é a fonte e o termo da sua prática cristã. A caridade assegura e purifica a nossa capacidade humana de amar e eleva-a à perfeição sobrenatural do amor divino.

1828. A prática da vida moral animada pela caridade dá ao cristão a liberdade espiritual dos filhos de Deus. O cristão já não está diante de Deus como um escravo, com temor servil, nem como o mercenário à espera do salário, mas como um filho que corresponde ao amor «d'Aquele que nos amou primeiro» (1 Jo 4, 19):

    «Nós, ou nos desviamos do mal por temor do castigo e estamos na atitude do escravo, ou vivemos à espera da recompensa e parecemo-nos com os mercenários; ou, finalmente, é pelo bem em si e por amor d'Aquele que manda, que obedecemos [...], e então estamos na atitude própria dos filhos» (82).

1829 Os frutos da caridade são: a alegria, a paz e a misericórdia; exige a prática do bem e a correcção fraterna; é benevolente; suscita a reciprocidade, é desinteressada e liberal: é amizade e comunhão:

    «A consumação de todas as nossas obras é o amor. É nele que está o fim: é para a conquista dele que corremos; corremos para lá chegar e, uma vez chegados, é nele que descansamos» (83).

1844. Pela caridade, amamos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus. A caridade é o «vínculo da perfeição» (Cl 3, 14) e a forma de todas as virtudes.

O que o Magistério da Igreja nos tem indicado sobre esta verdade da Fé?
Concílio Vaticano II, Decreto Ad Gentes - Sobre a actividade missionária da Igreja, 7 de Dezembro de 1965

7. A razão desta actividade missionária vem da vontade de Deus, que «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade. Ora há um só Deus, e um só que é mediador de Deus e dos homens, o homem Cristo Jesus, que se deu a si mesmo como preço de resgate por todos» (l Tim. 2, 4-6), «e não há salvação em nenhum outro» (Act. 4,12). Portanto, é preciso que todos se convertam a Cristo conhecido pela pregação da Igreja e que sejam incorporados, pelo Baptismo, a Ele e à Igreja, seu corpo. O próprio Cristo, aliás, ao inculcar por palavras expressas a necessidade da fé e do Baptismo (37), confirmou também, por isso mesmo, a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Baptismo, que é como que a porta de entrada. Por isso, não se poderiam salvar aqueles que, não ignorando que Deus fundou por intermédio de Jesus Cristo a Igreja católica como necessária, não quisessem, apesar disso, entrar nela ou nela perseverar» (38). Por isso também, embora Deus, por caminhos que só Ele sabe, possa conduzir à fé, sem a qual é impossível ser-se-Lhe agradável (39), os homens que ignoram o Evangelho sem culpa sua, incumbem à Igreja, apesar de tudo, a obrigação (40) e o sagrado direito de evangelizar. Daí vem que a actividade missionária conserve ainda hoje e haja de conservar sempre toda a sua eficácia e a sua necessidade.

Proémio e Capítulo I
38. Cfr. Conc. Vat. II, Const. dogm. De Ecelesia Lumen Gentium, n.° 14: AAS 57 (1965), p. 18.

Capítulo II
Enfim, o estado jurídico dos catecúmenos deve ser fixado claramente no novo Código. Pois eles estão já unidos à Igreja (22), já são da casa de Cristo (23), e, não raro, eles levam já uma vida de fé, de esperança e de caridade.

22. Cfr. Concilio Vat. II, Const. dogm. De Ecclesia, Lumen gentium, n. 14: AAS 57 (1965), p. 19.

Credo do povo de Deus, 30 de Junho de 1968

23. Cremos que a Igreja é necessária para a Salvação, pois só Cristo é o Mediador e caminho da salvação, e Ele se torna presente a nós no seu Corpo que é a Igreja [28]. Mas o desígnio divino da Salvação abrange a todos os homens; e aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e sua Igreja, procuram todavia a Deus com sincero coração, e se esforçam, sob o influxo da graça, por cumprir com obras a sua vontade, conhecida pelo ditame da consciência, também esses, em número aliás que somente Deus conhece, podem conseguir a salvação eterna [29].

[28] cf. ibid. 14.

«Aperite portas Redemptori», Bula de proclamação do Jubileu pelo 1950º aniversário da Redenção, 6 de Janeiro de 1983

4. A extraordinária celebração jubilar da Redenção visa, antes de mais nada, reavivar nos filhos da Igreja católica a consciência de « que a sua condição privilegiada não se deve atribuir aos próprios méritos, mas sim a uma graça especial de Cristo; pelo que, se a ela não corresponderem com os pensamentos, palavras e acções, bem longe de se salvarem, serão antes mais severamente julgados ».[17] Por consequência, todos os fiéis devem sentir-se sobretudo chamados a uma aplicação especial à penitência e à renovação, dado que é este o estado permanente da própria Igreja, a qual, sendo « simultaneamente santa e sempre necessitada de purificação, não descura nunca a penitência e a renovação de si mesma »,[18] seguindo a exortação dirigida por Cristo às multidões, no início do seu ministério: « Fazei penitência e acreditai na Boa Nova ».[19]

[17] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja, Lumen gentium, 14.

Encíclica Redemptoris Missio, Papa São João Paulo II, 7 de Dezembro de 1990

9. A primeira beneficiária da salvação é a Igreja: Cristo adquiriu-a com o Seu sangue (cf. Act 20, 28) e tornou-a Sua cooperadora na obra da salvação universal. Com efeito, Cristo vive nela, é o seu Esposo, realiza o seu crescimento, e cumpre a Sua missão através dela. O Concílio deu grande realce ao papel da Igreja, em favor da salvação da humanidade. Enquanto reconhece que Deus ama todos os homens e lhes dá a possibilidade de se salvarem (cf. 1 Tim 2, 4), [15] a Igreja professa que Deus constituiu Cristo como único mediador e que ela própria foi posta como instrumento universal de salvação. [16] « Todos os homens, pois, são chamados a esta católica unidade do Povo de Deus (...) à qual, de diversos modos, pertencem ou estão ordenados quer os fiéis católicos, quer os outros crentes em Cristo, quer universalmente todos os homens, chamados à salvação pela graça de Deus ». [17] É necessário manter unidas, estas duas verdades: a real possibilidade de salvação em Cristo para todos os homens, e a necessidade da Igreja para essa salvação. Ambas facilitam a compreensão do único mistério salvífico, permitindo experimentar a misericórdia de Deus e a nossa responsabilidade. A salvação, que é sempre um dom do Espírito, exige a colaboração do homem, para se salvar tanto a si próprio como aos outros. Assim o quis Deus, e por isso estabeleceu e comprometeu a Igreja no plano da salvação. « Este povo messiânico — diz o Concílio — estabelecido por Cristo como uma comunhão de vida, amor e verdade, serve também, nas mãos d'Ele, de instrumento da redenção universal, sendo enviado a todo o mundo, como luz desse mundo e sal da terra ». [18]

15 Cf. Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 14-17; Decreto sobre a actividade missionária da Igreja Ad gentes, 3.

« Não podemos calar-nos » (Act 4, 20)
11. Que dizer então das objecções, atrás referidas, relativamente à missão ad gentes? Respeitando todas as crenças e todas as sensibilidades, devemos afirmar antes de mais, com simplicidade, a nossa fé em Cristo, único Salvador do homem — fé que recebemos como um dom do Alto, sem mérito algum da nossa parte. Dizemos com S. Paulo: « eu não me envergonho do Evangelho, o qual é poder de Deus para salvação de todo o crente » (Rm 1, 16). Os mártires cristãos de todos os tempos — também do nosso — deram e continuam a dar a vida para testemunhar aos homens esta fé, convencidos de que cada homem necessita de Jesus Cristo, o Qual, destruindo o pecado e a morte, reconciliou os homens com Deus.

Cristo proclamou-se Filho de Deus, intimamente unido ao Pai e, como tal, foi reconhecido pelos discípulos, confirmando as suas palavras com milagres e sobretudo com a ressurreição. A Igreja oferece aos homens o Evangelho, documento profético, capaz de corresponder às exigências e aspirações do coração humano: é e será sempre a « Boa Nova ». A Igreja não pode deixar de proclamar que Jesus veio revelar a face de Deus, e merecer, pela cruz e ressurreição, a salvação para todos os homens.

À pergunta porquê a missão?, respondemos, com a fé e a experiência da Igreja, que abrir-se ao amor de Cristo é a verdadeira libertação. N'Ele, e só n'Ele, somos libertos de toda a alienação e extravio, da escravidão ao poder do pecado e da morte. Cristo é verdadeiramente « a nossa paz » (Ef 2,14), e « o amor de Cristo nos impele » (2 Cor 5, 14), dando sentido e alegria à nossa vida. A missão é um problema de fé, é a medida exacta da nossa fé em Cristo e no Seu amor por nós.

A tentação hoje é reduzir o cristianismo a uma sabedoria meramente humana, como se fosse a ciência do bom viver. Num mundo fortemente secularizado, surgiu uma « gradual secularização da salvação », onde se procura lutar, sem dúvida, pelo homem, mas por um homem dividido a meio, reduzido unicamente à dimensão horizontal. Ora nós sabemos que Jesus veio trazer a salvação integral, que abrange o homem todo e todos os homens, abrindo-lhes os horizontes admiráveis da filiação divina.

Porquê a missão? Porque a nós, como a S. Paulo, « nos foi dada esta graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo » (Ef 3, 8). A novidade de vida n'Ele é « Boa Nova » para o homem de todos os tempos: a ela todos são chamados e destinados. Todos, de facto, a buscam, mesmo se às vezes confusamente, e têm o direito de conhecer o valor de tal dom e aproximar-se dele. A Igreja, e nela cada cristão, não pode esconder nem guardar para si esta novidade e riqueza, recebida da bondade divina para ser comunicada a todos os homens.

Eis por que a missão, para além do mandato formal do Senhor, deriva ainda da profunda exigência da vida de Deus em nós. Aqueles que estão incorporados na Igreja Católica devem-se sentir privilegiados, e, por isso mesmo, mais comprometidos a testemunhar a fé e a vida cristã como serviço aos irmãos e resposta devida a Deus, lembrados de que « a grandeza da sua condição não se deve atribuir aos próprios méritos, mas a uma graça especial de Cristo; se não correspondem a essa graça por pensamentos, palavras e obras, em vez de se salvarem, incorrem num julgamento ainda mais severo ». [20]

20 Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 14.

Na verdade, o próprio Senhor, « ao inculcar expressamente a necessidade da fé e do baptismo, ao mesmo tempo corroborou a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pela porta do baptismo », [101] O diálogo deve ser conduzido e realizado com a convicção de que a Igreja é o caminho normal de salvação e que só ela possui a plenitude dos meios de salvação. [102]

101 Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 14; cf. Decreto sobre a actividade missionária da Igreja Ad gentes, 7.
102 Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decreto sobre o ecumenismo Unitatis redintegratio, 3; Decreto sobre a actividade missionária da Igreja Ad gentes, 7.

Discurso do Papa São João Paulo II aos participantes na assembleia plenária da congregação para a doutrina da Fé, 28 de Janeiro de 2000

4. Em conexão com a unidade da mediação salvífica de Cristo coloca-se a unicidade da Igreja por Ele fundada. Com efeito, o Senhor Jesus constitui a sua Igreja como realidade salvífica: como seu Corpo, mediante o qual Ele mesmo actua na história da salvação. Assim como há um só Cristo, também existe o seu único Corpo: "Igreja una, católica e apostólica" (cf. Símbolo de fé, DS 48). A este respeito, o Concílio Vaticano II afirma: "O santo Concílio... assente na Sagrada Escritura e na Tradição, ensina que esta Igreja peregrina na terra é necessária para a salvação" (Constituição dogmática Lumen gentium, 14).

Efectivamente, é erróneo considerar a Igreja como um caminho de salvação ao lado daqueles constituídos por outras religiões, que seriam complementares à Igreja e convergentes com esta, rumo ao Reino de Deus escatológico. Portanto, deve-se excluir uma certa mentalidade de indiferentismo "caracterizada por um relativismo religioso, que considera que uma religião vale outra" (cf. Carta Encíclica, Redemptoris missi, 36).

É verdade que os não-cristãos recordou o Concílio vaticano II podem "alcançar" a vida eterna "sob a acção da graça", se "buscarem a Deus na sinceridade do coração" (Lumen gentium, 16). Todavia, na sua busca sincera da verdade de Deus eles são de facto "ordenados" para Cristo e o seu Corpo, que é a Igreja (cf. ibid.). De qualquer forma, encontram-se numa situação deficitária, se se comparar esta com aquela das pessoas que na Igreja têm a plenitude dos meios salvíficos. Portanto é compreensível que, seguindo o mandato do Senhor (cf. Mt 28, 19-20) e como exigência do amor por todos os homens, a Igreja "anuncia e tem o dever de anunciar constantemente a Cristo, que é "o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14, 6), no qual os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou todas as coisas consigo (cf. 2 Cor 5, 18-19)" (Declaração Nostra aetate, 2).

Congregação para a doutrina da Fé - Declaração "DOMINUS IESUS" sobre a unicidade e a universalidade salvífica de Jesus Cristo e da Igreja, 6 de Agosto de 2000

16. O Senhor Jesus, único Salvador, não formou uma simples comunidade de discípulos, mas constituiu a Igreja como mistério salvífico: Ele mesmo está na Igreja e a Igreja n'Ele (cf. Jo 15,1ss.; Gal 3,28; Ef 4,15-16; Actos 9,5); por isso, a plenitude do mistério salvífico de Cristo pertence também à Igreja, unida de modo inseparável ao seu Senhor. Jesus Cristo, com efeito, continua a estar presente e a operar a salvação na Igreja e através da Igreja (cf. Col 1,24-27),47 que é o seu Corpo (cf. 1 Cor 12,12-13.27; Col 1,18).48 E, assim como a cabeça e os membros de um corpo vivo, embora não se identifiquem, são inseparáveis, Cristo e a Igreja não podem confundir-se nem mesmo separar-se, constituindo invés um único « Cristo total ».49 Uma tal inseparabilidade é expressa no Novo Testamento também com a analogia da Igreja Esposa de Cristo (cf. 2 Cor 11,2; Ef 5,25-29; Ap 21,2.9).50

Assim, e em relação com a unicidade e universalidade da mediação salvífica de Jesus Cristo, deve crer-se firmemente como verdade de fé católica a unicidade da Igreja por Ele fundada. Como existe um só Cristo, também existe um só seu Corpo e uma só sua Esposa: « uma só Igreja católica e apostólica ».51 Por outro lado, as promessas do Senhor de nunca abandonar a sua Igreja (cf. Mt 16,18; 28,20) e de guiá-la com o seu Espírito (cf. Jo 16,13) comportam que, segundo a fé católica, a unicidade e unidade, bem como tudo o que concerne a integridade da Igreja, jamais virão a faltar.52

(47) Cf. Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 14.

Antes de mais, deve crer-se firmemente que a « Igreja, peregrina na terra, é necessária para a salvação. Só Cristo é mediador e caminho de salvação; ora, Ele torna-se-nos presente no seu Corpo que é a Igreja; e, ao inculcar por palavras explícitas a necessidade da fé e do Baptismo (cf. Mc 16,16; Jo 3,5), corroborou ao mesmo tempo a necessidade da Igreja, na qual os homens entram pelo Baptismo tal como por uma porta ».77 Esta doutrina não se contrapõe à vontade salvífica universal de Deus (cf. 1 Tim 2,4); daí « a necessidade de manter unidas estas duas verdades: a real possibilidade de salvação em Cristo para todos os homens, e a necessidade da Igreja para essa salvação ».78 A Igreja é « sacramento universal de salvação »,79 porque, sempre unida de modo misterioso e subordinada a Jesus Cristo Salvador, sua Cabeça, tem no plano de Deus uma relação imprescindível com a salvação de cada homem.80

(77) Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 14. Cf. Decr. Ad gentes, n. 7; Decr. Unitatis redintegratio, n. 3.

22. Com a vinda de Jesus Cristo Salvador, Deus quis que a Igreja por Ele fundada fosse o instrumento de salvação para toda a humanidade (cf. Act 17,30-31).90 Esta verdade de fé nada tira ao facto de a Igreja nutrir pelas religiões do mundo um sincero respeito, mas, ao mesmo tempo, exclui de forma radical a mentalidade indiferentista « imbuída de um relativismo religioso que leva a pensar que “tanto vale uma religião como outra” ».91 Se é verdade que os adeptos das outras religiões podem receber a graça divina, também é verdade que objectivamente se encontram numa situação gravemente deficitária, se comparada com a daqueles que na Igreja têm a plenitude dos meios de salvação.92 Há que lembrar, todavia, « a todos os filhos da Igreja que a grandeza da sua condição não é para atribuir aos próprios méritos, mas a uma graça especial de Cristo; se não corresponderem a essa graça, por pensamentos, palavras e obras, em vez de se salvarem, incorrerão num juízo mais severo ».93 Compreende-se, portanto, que, em obediência ao mandato do Senhor (cf. Mt 28,19-20) e como exigência do amor para com todos os homens, a Igreja « anuncia e tem o dever de anunciar constantemente a Cristo, que é “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6), no qual os homens encontram a plenitude da vida religiosa e no qual Deus reconciliou todas as coisas consigo ».94

(93) Conc. Vaticano II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 14.

Encíclica Ecclesia de Eucharistia, Papa São João Paulo II, 17 de Abril de 2003

36. A comunhão invisível, embora por natureza esteja sempre em crescimento, supõe a vida da graça, pela qual nos tornamos « participantes da natureza divina » (cf. 2 Ped 1, 4), e a prática das virtudes da fé, da esperança e da caridade. De facto, só deste modo se pode ter verdadeira comunhão com o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não basta a fé; mas é preciso perseverar na graça santificante e na caridade, permanecendo na Igreja com o « corpo » e o « coração »; (72) ou seja, usando palavras de S. Paulo, é necessária « a fé que actua pela caridade » (Gal 5, 6).

A integridade dos vínculos invisíveis é um dever moral concreto do cristão que queira participar plenamente na Eucaristia, comungando o corpo e o sangue de Cristo. Um tal dever, recorda-o o referido Apóstolo com a advertência seguinte: « Examine-se cada qual a si mesmo e, então, coma desse pão e beba desse cálice » (1 Cor 11, 28). Com a sua grande eloquência, S. João Crisóstomo assim exortava os fiéis: « Também eu levanto a voz e vos suplico, peço e esconjuro para não vos abeirardes desta Mesa sagrada com uma consciência manchada e corrompida. De facto, uma tal aproximação nunca poderá chamar-se comunhão, ainda que toquemos mil vezes o corpo do Senhor, mas condenação, tormento e redobrados castigos ».(73)

(72)Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 14.

38. A comunhão eclesial, como atrás recordei, é também visível, manifestando-se nos vínculos elencados pelo próprio Concílio Vaticano II quando ensina: « São plenamente incorporados à sociedade que é a Igreja aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, aceitam toda a sua organização e os meios de salvação nela instituídos, e que, pelos laços da profissão da fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão, se unem, na sua estrutura visível, com Cristo, que a governa por meio do Sumo Pontífice e dos Bispos ».(77) A Eucaristia, como suprema manifestação sacramental da comunhão na Igreja, exige para ser celebrada um contexto de integridade dos laços, inclusive externos, de comunhão. De modo especial, sendo ela « como que a perfeição da vida espiritual e o fim para que tendem todos os sacramentos »,(78) requer que sejam reais os laços de comunhão nos sacramentos, particularmente no Baptismo e na Ordem sacerdotal. Não é possível dar a comunhão a uma pessoa que não esteja baptizada ou que rejeite a verdade integral de fé sobre o mistério eucarístico. Cristo é a verdade, e dá testemunho da verdade (cf. Jo 14, 6; 18, 37); o sacramento do seu corpo e sangue não consente ficções.

(77)Const. dogm. sobre a Igreja Lumen gentium, 14.

Congregação para a doutrina da Fé - Nota doutrinal sobre alguns aspectos da evangelização, 3 de Dezembro de 2007

1. Enviado pelo Pai a anunciar o Evangelho (cf. Mc 1, 14), Jesus Cristo convida todos os homens à conversão e à fé (cf. Mc 1, 14-15), confiando aos Apóstolos, depois da sua ressurreição, a continuação da sua missão evangelizadora (cf. Mt 28, 19-20; Mc 16, 15; Lc 24, 4-7; Act 1, 3): «como o Pai me enviou também Eu vos envio» (Jo 20, 21; cf. 17, 18). Na verdade, através da Igreja, Ele quer atingir cada época da história, cada lugar da terra e cada âmbito da sociedade, chegar a cada pessoa, para que haja um só rebanho e um só pastor (cf. Jo 10, 16): «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for baptizado será salvo, mas quem não acreditar será condenado» (Mc 16, 15-16).

Com efeito, os Apóstolos, «movidos pelo Espírito, convidavam todos a mudar de vida, a converter-se e a receber o Baptismo»[1], porque a «Igreja peregrinante é necessária à salvação»[2]. É o próprio Senhor Jesus Cristo que, presente na sua Igreja (cf. Mt 28, 20), precede a obra dos evangelizadores, a acompanha e a segue, fazendo frutificar o trabalho. Aquilo que aconteceu nas origens do cristianismo continua ao longo de toda a história.

[2] Lumen gentium, n. 14; Ad gentes, n. 7; Unitatis redintegratio, n. 3. Esta doutrina não se contrapõe à vontade salvífica universal de Deus, que «quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2, 4); por isso «é necessário manter unidas, estas duas verdades: a real possibilidade de salvação em Cristo para todos os homens, e a necessidade da Igreja para essa salvação» (J. PAULO II, Redemptoris missio, n. 9: AAS 83 (1991) 258).

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele

Na primeira carta do Apóstolo São João temos a bela e conhecida definição: "Deus é amor, e quem permanece no amor permanece em Deus, e Deus nele." (1 João 4, 16). O maior atributo de Deus é sem dúvida o amor, Deus que é perfeito e não tendo nenhuma necessidade de nós, por puro amor, criou-nos e enviou ao mundo o Seu Filho para que possamos viver na vida de Deus.
Explica assim São João:
"E o amor de Deus manifestou-se desta forma no meio de nós:
Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que, por Ele, tenhamos a vida.
É nisto que está o amor: não fomos nós que amámos a Deus, mas foi Ele mesmo que nos amou e enviou o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados.(1 João 4, 9-10).


Como é este permanecer no amor?
O permanecer no amor começa por conhecermos e reconhecermos Deus: "Aquele que não ama não chegou a conhecer a Deus, pois Deus é amor." (1 João 4, 8). "Deus é luz e nele não há nenhuma espécie de trevas. Se dizemos que temos comunhão com Ele, mas caminhamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Pelo contrário, se caminhamos na luz, como Ele, que está na luz, então temos comunhão uns com os outros e o sangue do seu Filho Jesus purifica-nos de todo o pecado." (1 João 1, 5-7). Deus é amor, luz e perfeição.

O permanecer no amor realiza-se na comunhão com Deus por meio de Cristo:"este é o testemunho: Deus deu-nos a vida eterna, e esta vida está no seu Filho. Quem tem o Filho de Deus tem a vida; quem não tem o Filho também não tem a vida." (1 João 5, 11-12). Tal como Cristo o amor realiza-se colocando a nossa vontade na vontade de Deus: "Sabemos que o conhecemos por isto: se guardamos os seus mandamentos. Quem diz: «Eu conheço-o», mas não guarda os seus mandamentos é um mentiroso e a verdade não está nele; ao passo que quem guarda a sua palavra, nesse é que o amor de Deus é verdadeiramente perfeito; por isto reconhecemos que estamos nele. Quem diz que permanece em Deus também deve caminhar como Ele caminhou." (1 João 2, 3-6).

O permanecer no amor realiza-se como Cristo ama, "Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo nasceu de Deus; e todo aquele que ama quem o gerou ama também quem por Ele foi gerado.
É por isto que reconhecemos que amamos os filhos de Deus: se amamos a Deus e cumprimos os seus mandamentos; pois o amor de Deus consiste precisamente em que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são uma carga, porque todo aquele que nasceu de Deus vence o mundo. E este é o poder vitorioso que venceu o mundo: a nossa fé. E quem é que vence o mundo senão aquele que crê que Jesus é Filho de Deus?" (1 João 5, 1-5)

O novo mandamento do amor que Cristo nos deu consiste em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, ser Hóstia Imaculada oferecida a Deus ao serviço do próximo:
"«Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor.
Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor.
Manifestei-vos estas coisas, para que esteja em vós a minha alegria, e a vossa alegria seja completa.

É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.
Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos.
Vós sois meus amigos, se fizerdes o que Eu vos mando.
Já não vos chamo servos, visto que um servo não está ao corrente do que faz o seu senhor;
mas a vós chamei-vos amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi ao meu Pai.

Não fostes vós que me escolhes-tes; fui Eu que vos escolhi a vós e vos destinei a ir e a dar fruto,
e fruto que permaneça; e assim, tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome Ele vo-lo concederá.
É isto o que vos mando: que vos ameis uns aos outros.»" (João 15, 9-16).


O permanecer no amor implica abandonar a lógica do mundo para abraçar a lógica de Deus
Não ameis o mundo nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Pois tudo o que há no mundo - a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e o estilo de vida orgulhoso - não vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo passa e também as suas concupiscências, mas quem faz a vontade de Deus permanece para sempre." (1 João 2, 15-17).

Como vimos no início, Deus é santo e para termos comunhão com Deus temos de abandonar o pecado pois "Que união pode haver entre a justiça e a impiedade ou que há de comum entre a luz e as trevas?" (2 Cor 6, 14), "Porque nós somos o templo do Deus vivo, como o mesmo Deus disse: Habitarei e andarei no meio deles, Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo." (2 Cor 6, 16).

A partir do pecado original o mundo tornou-se pecaminoso, sendo necessário pelo baptismo renascermos para a nova vida em Deus, por isso permanecer no amor é abandonar o pecado "Nós bem sabemos que todo aquele que nasceu de Deus não peca, mas o Filho de Deus o guarda, e o Maligno não o apanha. E bem sabemos que somos de Deus, ao passo que o mundo inteiro está sob o poder do Maligno. Bem sabemos também que o Filho de Deus veio e nos deu entendimento para conhecermos o Verdadeiro; e nós estamos no Verdadeiro, no seu Filho, Jesus Cristo. Este é o Verdadeiro, é Deus e é vida eterna. Meus filhinhos, guardai-vos dos ídolos." (1 João 5, 18-21).

Este abandonar o mundo, que foi e continua a ser um elemento essencial da vida monástica, de maneira nenhuma deve ser interpretada como um subterfúgio, uma manobra, ou um pretexto para evitar dificuldades, ou para esquivar-se de obrigações. É abandonar o mundo no sentido de recusar tudo o que este mundo ama e tudo o que há nele, amando a Deus e ao proxímo santificando o mundo.


Podemos errar e tornar o amor num falso ídolo?
A maior astúcia do Maligno é usar o maior atributo de Deus para nos afastar de Cristo e assim nos afastarmos de Deus. Desta forma a resposta à questão é sim, a sedução do Maligno pode-nos levar a considerar o Amor como sendo Deus, tornando tudo fácil e belo à maneira humana, vamos ver como.

Deus é Amor mas o amor não é Deus. Deus é um Ser concreto e real, é a Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo em perfeita comunhão. Não é um sentimento, não se pode amar a Deus sem amar a Santíssima Trindade e reconhecer Cristo como Filho de Deus.

O Amor como vimos não é qualquer espécie de amor, é um amor concreto: realizar a vontade de Deus, amando como Cristo, a Deus e ao próximo numa entrega total. O Maligno seduz-nos para termos obras sem Fé, que o que importa é sermos bons, promovermos a paz, fraternidade e solidariedade, criar um mundo melhor, mas Cristo pediu-nos para sermos "perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste" (Mateus 5, 48), temos de praticar a Caridade amando o próximo em Deus, amando e fazendo bem aos inimigos, santificando o mundo, reinando Cristo em nós. O mundo melhor será uma consequência da verdadeira Caridade, da instauração de tudo em Cristo e de termos em nós a paz de Cristo.

A sedução do amor como ídolo pode-nos levar ao facilitismo e à relativização, pode-nos parecer belo considerar que qualquer religião pode ser uma expressão de amor a Deus, no entanto, na prática isto é negar Cristo como Filho de Deus e negar a existência da Santíssima Trindade. Podemos ver o que de bom as religiões possam ter mas como caminho para chegar à Verdade e não como uma possibilidade da Verdade. O Maligno seduz-nos com a facilidade e beleza de vários caminhos, mas isso é abandonar Cristo que diz "Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim." (João 14, 6).

A sedução do amor como ídolo pode-nos levar a relativizar o cumprimento dos mandamentos, pois com o nosso olhar humano pensamos que Deus ama incondicionalmente, com misericórdia infinita. Como vimos acima permanecer no amor implica cumprir a Vontade de Deus, guardar os Seus mandamentos. Isto no olhar humano parece uma exigência, regras e condições que são colocadas ao amor de Deus, no entanto segunda a lógica de Deus o cumprimento da Vontade e mandamentos são obra da misericórdia de Deus, pois são os meios e ajuda para permanecermos na Graça de Deus. Sem esta ajuda estariamos irremediávelmente afastados de Deus, assim Deus dá-nos os meios e mostra-nos o caminho para podermos chegar até Ele, o Maligno seduz-nos para a lógica humana para nos afastar do caminho.

A sedução do amor como ídolo pode-nos relativizar o caminho, tornado amplo o que Cristo indicou que é estreito. O Maligno seduz-nos indicando que não podemos colocar limites à misericórdia de Deus, ajudando a perdermos a noção do pecado, no entanto Cristo diversas vezes nos lembra para estarmos atentos e vigiar. É uma sedução que nos é feita como a que Cristo recebeu no deserto: "Então, o diabo conduziu-o à cidade santa e, colocando-o sobre o pináculo do templo, disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito: Dará a teu respeito ordens aos seus anjos; eles suster-te-ão nas suas mãos para que os teus pés não se firam nalguma pedra.» Disse-lhe Jesus: «Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus!»" (Mateus 4, 5-7). Ignorando a noção de pecado, indiferentes a Deus e dizendo que mesmo assim a misericórdia de Deus salva está perto de tentar a Deus.


Conclusão
Deus é amor e permanecendo no amor permanecemos em Deus e Deus em nós.
Esse amor é amar como Cristo: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Implica sermos Hóstias Imaculadas oferecidas a Deus para o serviço, santificação e salvação do próximo.
Implica "que todos os homens venham aconhecer o único Deus verdadeiro e o Seu enviado, Jesus Cristo, e se convertam dos seus caminhos pela penitência" (Sacrosanctum concilium 9).
É reconhecer a Verdade revelada por Deus: existe um único Deus, Santíssima Trindade e existe um único caminho, Jesus Cristo, verdadeiro Filho de Deus.
Implica abandonar o pecado, a lógica e seduções do mundo para cumprirmos a Vontade de Deus, cumprindo os Seus mandamentos.
Implica estarmos atentos às seduções do Maligno, evitando os facilitismos e relativizações da Verdade revelada.
Implica procurar "que em vós permaneça o que ouvistes desde o princípio. Se em vós permanecer o que desde o princípio ouvistes, também vós permanecereis no Filho e no Pai. E esta é a promessa que Ele nos fez: a vida eterna." (1 João 2, 24-25).



"Vede que amor tão grande o Pai nos concedeu, a ponto de nos podermos chamar filhos de Deus; e, realmente, o somos! É por isso que o mundo não nos conhece, uma vez que o não conheceu a Ele. Caríssimos, agora já somos filhos de Deus, mas não se manifestou ainda o que havemos de ser. O que sabemos é que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque o veremos tal como Ele é.

Todo o que tem esta esperança em Deus, torna-se puro, como Ele, que é puro. Todo o que comete o pecado comete a iniquidade, pois o pecado é, de facto, a iniquidade. E bem sabeis que Ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não há pecado. Todo aquele que permanece em Deus não se entrega ao pecado; e todo aquele que se entrega ao pecado não o viu nem o conheceu.

Filhinhos meus, que ninguém vos engane. Quem pratica a justiça é justo, como Ele, que é justo. Quem comete o pecado é do diabo, porque o diabo peca desde a origem. Para isto se manifestou o Filho de Deus: para destruir as obras do diabo. Todo aquele que nasceu de Deus não comete pecado, porque um germe divino permanece nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus.

Nisto é que se distinguem os filhos de Deus e os filhos do diabo: todo aquele que não pratica a justiça não é de Deus, nem aquele que não ama o seu irmão." (1 João 3, 1-10).

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

O relativismo religioso e a Verdade

5 pontos onde existe subjectivismo religioso:

- Não anúnciamos claramente que existe uma só Verdade: "a Igreja anuncia a mensagem de salvação aos que ainda não têm fé, para que todos os homens venham a conhecer o único Deus verdadeiro e o Seu enviado, Jesus Cristo, e se convertam dos seus caminhos pela penitência" (Sacrosanctum concilium 9), existe a ideia que existem diferentes verdades e caminhos, que Jesus será a melhor manifestação de Deus mas que existem outras.

- Deus é Amor, mas o amor não é Deus. Deus é um Ser real e concreto, é a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo em perfeita comunhão, não é um sentimento. São João na sua primeira carta explica qual é esse Amor em que devemos permanecer: "E o amor de Deus manifestou-se desta forma no meio de nós: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que, por Ele, tenhamos a vida" (1 João 4,9). Assim o Amor verdadeiro é amarmos como o Seu Filho para que recebamos a Vida de Deus (aqui na Terra na medida em que é possível e no Céu plenamente).
O subjectivismo que vivemos indica que basta amar mas não nos indica que amor é esse, alguém que ama sobretudo as riquezas e satisfazer todos os seus desejos e só depois disso ama o próximo permanece no amor mas é esse o amor de Deus? Amar o próximo é fundamental e aí permanece-se no amor mas esquecendo Deus, tendo obras sem Fé, estamos no amor de Deus?
São João no seu Evangelho explica como é amarmos como Cristo: "É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei. Ninguém tem mais amor do que quem dá a vida pelos seus amigos." (João 15, 12-13) e "Assim como o Pai me tem amor, assim Eu vos amo a vós. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como Eu, que tenho guardado os mandamentos do meu Pai, também permaneço no seu amor." (João 15, 9-10), assim vêmos que não é apenas amor, é amar a Deus e ao próximo, fazendo não a nossa vontade mas a de Deus, partilhar o Seu amor, ter os sentimentos de Cristo (humildade, serviço, paciência, etc.), praticar o bem a todos e ver as coisas e situações com o olhar de Deus, com misericórdia, justiça e santidade.

- No subjectivismo existe a ideia de que todos vamos para o Céu ou que isso não é assunto importante. No entanto a Igreja sempre ensinou e continua a ensinar que fora da Igreja não existe salvação, havendo apenas a excepção dos casos em que a pessoa não pode receber o Evangelho e conhecer a Igreja. Assim, relativizar a Fé e os sacramentos é colocar em risco a salvação. Esquecemos que os sacramentos e a redenção são obra da misericórdia de Deus, do Seu Amor, relativizar a salvação é ignorar a misericórdia que nos é oferecida querendo ir ainda mais longe.

- Existe a ideia que o exemplo da santidade dos Santos é coisa do passado, que a santidade é viver um compromisso de humanismo cristão, de forma ampla, irrestrita, ecuménica, englobando toda a humanidade, todas as religiões, todos os homens e todas as mulheres de boa vontade. No entanto a Lumen gentium continua a dar-nos os Santos do passado como exemplo: "Assim crescerá em frutos abundantes a santidade do Povo de Deus, como patentemente se manifesta na história da Igreja, com a vida de tantos santos" e que isso é realizado tendo Jesus como mestre e modelo "Jesus, mestre e modelo divino de toda a perfeição, pregou a santidade de vida, de que Ele é autor e consumador, a todos e a cada um dos seus discípulos, de qualquer condição: «sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito» (Mt. 5,48)", "A todos enviou o Espírito Santo, que os move interiormente a amarem a Deus com todo o coração, com toda a alma, com todo o espírito e com todas as forças (cfr. Mc. 12,30) e a amarem-se uns aos outros como Cristo os amou (cfr. Jo. 13,34; 15,12).".
A santidade é termos os sentimentos de Cristo e praticarmos o amor a Deus e ao próximo. E como podemos ter santidade sem Deus, sem nos formarmos na Sua Vontade?
Como indica São João: "Sabemos que o conhecemos por isto: se guardamos os seus mandamentos. Quem diz: «Eu conheço-o», mas não guarda os seus mandamentos é um mentiroso e a verdade não está nele; ao passo que quem guarda a sua palavra, nesse é que o amor de Deus é verdadeiramente perfeito; por isto reconhecemos que estamos nele. Quem diz que permanece em Deus também deve caminhar como Ele caminhou." (1 João 2,3-6).

- Actualmente existe a ideia que ser cristão é criar um mundo melhor praticando um humanismo cristão ao mesmo tempo que se esquece o pecado original, que o espirito do mundo não é o espirito de Deus e que existe um antagonismo entre o mundo e o reino de Deus. Cristo explica que existe esse antagonismo: "Entreguei-lhes a tua palavra, e o mundo odiou-os, porque eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo. Não te peço que os retires do mundo, mas que os livres do Maligno. De facto, eles não são do mundo, como também Eu não sou do mundo." (João 17, 14-16) e São Paulo indica que a lógica do mundo nos afasta de ver brilhar a Luz: "Se, entretanto, o nosso Evangelho continuar velado, está velado para os que se perdem, para os incrédulos, cuja inteligência o deus deste mundo cegou, a fim de não verem brilhar a luz do Evangelho da glória de Cristo, que é imagem de Deus." (2 Cor 4,3-4).
Assim temos que Cristo veio não para que sejamos felizes como cada um é, para apenas criarmos um mundo de paz e solidariedade. Ele veio para nos dar uma vida nova diferente da do mundo, no baptismo renascemos para a vida de Deus, já não vivemos como dantes, "Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim. E a vida que agora tenho na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus que me amou e a si mesmo se entregou por mim." (Gl 2, 20). Criar um mundo melhor, em paz e solidariedade é apenas uma parte do reinado de Cristo em nós, faz parte mas não é o fim em si.

Este subjectivismo reflecte-se na prática na relativização de:
- A Santa Missa passa a ser vista apenas como uma celebração da comunidade em vez de ser "viver outra vez a paixão e a morte redentora do Senhor. É uma teofania: o Senhor torna-se presente no altar para ser oferecido ao Pai pela salvação do mundo" (Papa Francisco, audiência geral 8/11/2017), um oferecimento de acção de graças, propiciação, petição e louvor, uma oferta a Deus e na qual nós somos os beneficiários dessa oferta, realizada por Cristo, com Cristo e em Cristo.

- Comungar a Hóstia Sagrada é considerado como fazendo parte da celebração da comunidade em vez da participação plena neste sacramento ser "não só quando oferecem de todo o coração a Vítima Sagrada, e nela eles mesmos, ao Pai com o sacerdote, mas também quando recebem a mesma vítima sacramentalmente." (instrução Eucharisticum Mysterium 25/05/1967), ser uma comunhão com Cristo presente realmente em Corpo, Alma e Divindade, é Deus que vem fazer em nós morada e a partir dessa união e de nos formarmos em Cristo formarmos a união com o próximo no mesmo Corpo.


"Faz que eles sejam teus inteiramente, por meio da Verdade; a Verdade é a tua palavra. Assim como Tu me enviaste ao mundo, também Eu os enviei ao mundo, e por eles totalmente me entrego, para que também eles fiquem a ser teus inteiramente, por meio da Verdade. Não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste." 
(João 17, 17-21).


segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Uma Igreja missionária

Uma Igreja missionária realiza constantemente a obra de evangelização, chamando à conversão os que ainda não têm Fé e ajudando os que têm Fé a manterem-se vigilantes, a alimentarem a Fé, a Esperança e a Caridade, para que o Senhor os encontre santos, imaculados, irrepreensíveis, sólidos e firmes na fé (CL 1,22-23).

Indica o documento Sacrossantum Concilium, do Vaticano II, no ponto 9:
"A sagrada Liturgia não esgota toda a acção da Igreja, porque os homens, antes de poderem participar na Liturgia, precisam de ouvir o apelo à fé e à conversão: «Como hão-de invocar aquele em quem não creram? Ou como hão-de crer sem o terem ouvido? Como poderão ouvir se não houver quem pregue? E como se há-de pregar se não houver quem seja enviado?» (Rom. 10, 14-15).

É por este motivo que a Igreja anuncia a mensagem de salvação aos que ainda não têm fé, para que todos os homens venham a conhecer o único Deus verdadeiro e o Seu enviado, Jesus Cristo, e se convertam dos seus caminhos pela penitência (24). Aos que crêem, tem o dever de pregar constantemente a fé e a penitência, de dispó-los aos Sacramentos, de ensiná-los a guardar tudo o que Cristo mandou (25)
"

Notas de rodapé:
24. Cfr. Jo. 17,3; Lc. 24,47; Act. 2,38.
"Esta é a vida eterna: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste." (Jo. 17,3)

"que havia de ser anunciada, em seu nome, a conversão para o perdão dos pecados a todos os povos, começando por Jerusalém." (Lc. 24,47)

"Pedro respondeu-lhes: «Convertei-vos e peça cada um o baptismo em nome de Jesus Cristo, para a remissão dos seus pecados; recebereis, então, o dom do Espírito Santo." (Act. 2,38)

25. Cfr. Mt. 28,20.
"ensinando-os a cumprir tudo quanto vos tenho mandado. E sabei que Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos." (Mt. 28,20)



O texto de (Romanos 10, 14-15) termina com a seguinte frase que não está incluída no documento do Concílio: "Por isso está escrito: Que bem-vindos são os pés dos que anunciam as boas-novas!".

O documento Ad Gentes, do Concílio Vaticano II, sobre a actividade missionária da Igreja começa assim:
"A Igreja, enviada por Deus a todas as gentes para ser «sacramento universal de salvação», (1) por íntima exigência da própria catolicidade, obedecendo a um mandato do seu fundador (2), procura incansàvelmente anunciar o Evangelho a todos os homens.

Já os próprios Apóstolos em que a Igreja se alicerça, seguindo o exemplo de Cristo, «pregaram a palavra da verdade e geraram as igrejas» (3). Aos seus sucessores compete perpetuar esta obra, para que «a palavra de Deus se propague ràpidamente e seja glorificada (2 Tess. 3,1), e o reino de Deus seja pregado e estabelecido em toda a terra.

No estado actual das coisas, de que surgem novas condições para a humanidade, a Igreja, que é sal da terra e luz do mundo, é com mais urgência chamada a salvar e a renovar toda a criatura, para que tudo seja instaurado em Cristo e n'Ele os homens constituam uma só família e um só Povo de Deus.

Por isso, este sagrado Concílio, agradecendo a Deus a grandiosa obra já realizada pelo esforço generoso de toda a Igreja, deseja delinear os princípios da actividade missionária e reunir as forças de todos os fiéis, para que o Povo de Deus, continuando a seguir pelo caminho estreito da cruz, difunda por toda a parte o reino de Cristo, Senhor e perscrutador dos séculos (5), e prepare os caminhos para a sua vinda."

Notas de rodapé:
1. Const. dogm. de Ecclesia, Lumen Gentium, 48: AAS 57 (1965), p. 53.
"Na verdade, Cristo, elevado sobre a terra, atraiu todos a Si (cfr. Jo. 12,32 gr.); ressuscitado de entre os mortos (cfr. Rom. 6,9), infundiu nos discípulos o Seu Espírito vivificador e por Ele constituiu a Igreja, Seu corpo, como universal sacramento da salvação; sentado à direita do Pai, actua continuamente na terra, a fim de levar os homens à Igreja e os unir mais estreitamente por meio dela, e, alimentando-os com o Seu próprio corpo e sangue, os tornar participantes da Sua vida gloriosa. A prometida restauração que esperamos, já começou, pois, em Cristo, progride com a missão do Espírito Santo e, por Ele, continua na Igreja; nesta, a fé ensina-nos o sentido da nossa vida temporal, enquanto, na esperança dos bens futuros, levamos a cabo a missão que o Pai nos confiou no mundo e trabalhamos na nossa salvação (cfr. Fil. 2,12)."

2. Cfr. Mc. 16,15.
"E disse-lhes: «Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura.", o mandato completa-se com a frase "Quem acreditar e for baptizado será salvo; mas, quem não acreditar será condenado.", esta frase não é citada.

3. S. Agostinho, Enarr. in Ps. 44, 23: PL 36, 508; CChr. 38, 150.

4. Cfr. Mt. 5, 13-14.
"Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se corromper, com que se há-de salgar? Não serve para mais nada, senão para ser lançado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre um monte;"

5. Cfr. Eccli. 36,19.
"Segundo as bênçãos dadas a vosso povo por Aarão, conduzi-nos pelo caminho da justiça, para que todos os habitantes da terra saibam que vós sois o Deus que contempla os séculos."