Dignidade e liberdade Humana:
O documento do Vaticano II, Dignitatis Humanae,
ao falar da liberdade e dignidade do Homem alicerça-a na busca de Deus e
da Verdade. Só existe verdadeira liberdade e dignidade Humana se
procuramos Deus e a Verdade e se quando encontramos a Fé a Verdade nelas
permanecemos.
"Em primeiro lugar, pois, afirma o sagrado
Concílio que o próprio Deus deu a conhecer ao género humano o caminho
pelo qual, servindo-O, os homens se podem salvar e alcançar a felicidade
em Cristo. Acreditamos que esta única religião verdadeira se encontra
na Igreja católica e apostólica, à qual o Senhor Jesus confiou o encargo
de a levar a todos os homens, dizendo aos Apóstolos: «Ide, pois, fazer
discípulos de todas as nações, baptizando os em nome do Pai, do Filho e
do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos prescrevi»
(Mt. 28, 19-20). Por sua parte, todos os homens têm o dever de buscar a
verdade, sobretudo no que diz respeito a Deus e à sua Igreja e, uma vez
conhecida, de a abraçar e guardar."
...
"Mas a verdade deve ser
buscada pelo modo que convém à dignidade da pessoa humana e da sua
natureza social, isto é, por meio de uma busca livre, com a ajuda do
magistério ou ensino, da comunicação e do diálogo, com os quais os
homens dão a conhecer uns aos outros a verdade que encontraram ou julgam
ter encontrado, a fim de se ajudarem mutuamente na inquirição da
verdade; uma vez conhecida esta, deve-se aderir a ela com um firme
assentimento pessoal."
...
"Pelo que este Concílio Vaticano
exorta a todos, mas sobretudo aos que têm a seu cargo educar outros, a
que se esforcem por formar homens que, fiéis à ordem moral, obedeçam à
autoridade legítima e amem a autêntica liberdade; isto é, homens que
julguem as coisas por si mesmos e à luz da verdade, procedam com sentido
de responsabilidade, e aspirem a tudo o que é verdadeiro e justo,
sempre prontos para colaborar com os demais."
...
"Deus chama
realmente os homens a servi-lo em espírito e verdade; eles ficam, por
esse facto, moralmente obrigados, mas não coagidos. Pois Deus tem em
conta a dignidade da pessoa humana, por Ele mesmo criada, a qual deve
guiar-se pelo próprio juízo e agir como liberdade."
...
"Os
fiéis, por sua vez, para formarem a sua própria consciência, devem
atender diligentemente à doutrina sagrada e certa da Igreja. Pois, por
vontade de Cristo, a Igreja Católica é mestra da verdade, e tem por
encargo dar a conhecer e ensinar autenticamente a Verdade que é Cristo, e
ao mesmo tempo declara e confirma, com a sua autoridade, os princípios
de ordem moral que dimanam da natureza humana."
Porque se esvaziam as igrejas?
A ida à igreja não pode estar
dependente de o que vou lá fazer e escutar ser para mim "interessante",
de estar dependente do que o padre faz ou diz.
Penso que este é o problema de colocarmos a nossa felicidade
como o valor mais alto. A ida à igreja faz-se porque queremos prestar
culto a Deus e viver na Graça de Deus nos Sacramentos. Se as igrejas se
esvaziam é porque se perdeu a ligação a Deus e nós nos tornamos no
centro e destino. Acontece quando em vez da Graça se procura a
felicidade e acontece quando a nossa vida se torna mais importante do
que a Verdade e a Vida que existem para além da nossa existência aqui no
mundo. Ao concentrar-nos em nós e na nossa felicidade estamos a
construir a casa pelo telhado.
A missa é culto a Deus, vem da
virtude da religião, vem do desejo de darmos a Deus toda a honra e
glória, do desejo da Graça de oferecermos com Cristo no Altar e nos
alimentarmos do alimento da vida eterna, o centro de atenções da missa é
Deus e não nós.
Melhorar as homilias é um bom caminho, mas não vamos
estancar ou alterar o esvaziamento das igrejas enquanto as pessoas não
compreenderem a edificarem a casa pelo que é eterno, pela Verdade, pela
Vida, pelo Bem que é o próprio Deus. Tudo isto é bom e justo
independentemente de nós, da nossa existência, da nossa vida e
felicidade, estas penso que vamos encontrar no telhado desta edificação.
Ainda na edificação, nos alicerces encontra-se a Fé firme e
esclarecida, mesmo que seja simples, mas que sabe e dá o assentimento ao
que a Igreja sempre ensinou desde o tempo dos Apóstolos.
A felicidade e a alegria cristã:
As palavras «felicidade» e «alegria» podem ser mal interpretadas se forem consideradas como o mundo as promove.
Se
as não compreendermos à luz da Salvação podemos pensar que são
promessas de felicidade e alegria como tantas outras que nos são feitas
por anúncios, pelo consumismo, pelo niilismo, pelo egoísmo do Eu. E
nesse caso a mensagem da Igreja deixa de ser credível, torna-se uma
promessa como tantas outras.
A alegria cristã se for considerada
como a alegria normal da vida no mundo, apenas num plano sentimental e
afectivo perde a verdadeira dimensão que tem.
A alegria cristã não é
apenas um estado afectivo, uma emoção feliz que por vezes está ligada
ao amor humano ou à interacção social.
A alegria cristã é fruto da
virtude da Caridade, e a Caridade é caracterizada pela correcta ordem do
Amor: colocar Deus primeiro e a partir daí ordenar todo o amor em
referência a Deus.
A alegria cristã não pode estar desligada da Cruz.
Termos
alegria cristã não significa que estamos livres de sofrimento e dor,
estas fazem parte da vida cristã, de levarmos a Cruz.
Na alegria cristã não significa que estamos sempre "felizes" e alegres.
O caminho da alegria cristã e da vida cristã não vai levar-nos sempre a sentir felicidade.
A
missão da Igreja não é levar-nos a sentirmos o amor de Deus mas sim em
primeiro lugar a missão da Igreja é levar-nos a saber e confiar que
somos amados por Deus, independentemente do que sentirmos no momento.
Muitas
vezes não vamos sentir alegria e felicidade, mas sabemos e confiamos
que Deus nos ama, e apesar de no momento não sentirmos a alegria e
felicidade temos na mesma em nós a alegria Cristã, porque sabemos que
Deus nos ama.
Assim, a nossa missão de levar a alegria e
felicidade no mundo tem de partir da virtude da Caridade, de ordenar
primeiro o amor a Deus e sabermos e confiarmos que Deus nos ama.
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