"Todas as pessoas que vieram a este mundo vieram para viver. Ele veio para morrer. A morte foi um obstáculo para Sócrates - interrompeu o seu ensino. Mas para Cristo, a morte era o objectivo e o cumprimento da Sua vida, o ouro que Ele estava procurando. Poucas das suas palavras ou acções são inteligíveis sem referência à sua cruz. Ele apresentou-se como um Salvador e não apenas como um mestre. Não significava nada ensinar os Homens a serem bons sem também lhes dar o poder de serem bons, depois de resgatá-los da frustração da culpa.
A história de toda a vida humana começa com o nascimento e termina com a morte. Na Pessoa de Cristo, no entanto, foi a Sua morte que foi a primeira e a Sua vida que foi a última. A escritura descreve-o como "o Cordeiro imolado, por assim dizer, desde o princípio do mundo". Ele foi morto em intenção pelo primeiro pecado e rebelião contra Deus. Não foi tanto que o Seu nascimento lançou uma sombra em Sua vida e assim levou à Sua morte; foi antes que a cruz foi a primeira e lançou sua sombra de volta ao seu nascimento. A Sua foi a única vida no mundo que foi vivida em sentido inverso. Como a flor na fenda da parede diz ao poeta da natureza, e como o átomo é a miniatura do sistema solar, assim também, o Seu nascimento conta o mistério da forca. Ele passou do conhecido para o conhecido, da razão de Sua vinda manifestada por Seu nome "Jesus" ou "Salvador" para o cumprimento de Sua vinda, a saber, a Sua morte na cruz.
João dá-nos a sua pré-história eterna; Mateus, a sua pré-história temporal, por meio da sua genealogia. É significativo o quanto a Sua ascendência temporal estava ligada a pecadores e estrangeiros! Essas manchas na Sua linhagem humana sugerem uma compaixão pelos pecadores e pelos estranhos à Aliança. Ambos os aspectos da Sua compaixão seriam mais tarde lançados contra Ele como acusações: "Ele é amigo dos pecadores"; "Ele é um samaritano." Mas a sombra de um passado manchado prediz o Seu futuro amor pelos manchados pelo pecado. Nascido de uma mulher, Ele era um homem e poderia ser um com toda a humanidade; Nascido de uma virgem, que foi coberta pelo Espírito e "cheia de graça", Ele também estaria fora daquela corrente de pecado que infectou todos os homens."
1. Quando Cristo Senhor
estava para celebrar com os discípulos a ceia pascal, na qual instituiu o
sacrifício do seu Corpo e Sangue, mandou preparar uma grande sala mobilada
(Lc 22, 12). A Igreja sempre se sentiu comprometida por este mandato e por isso
foi estabelecendo normas para a celebração da santíssima Eucaristia, no que se
refere às disposições da alma, aos lugares, aos ritos, aos textos. As normas
recentemente promulgadas por vontade expressa do Concílio Vaticano II e o novo
Missal que, de futuro, vai ser usado no rito romano para a celebração da Missa,
constituem mais uma prova da solicitude da Igreja, da sua fé e do seu amor
inquebrantável para com o sublime mistério eucarístico, da sua tradição
contínua e coerente, apesar de certas inovações que foram introduzidas.
Testemunho de fé inalterável.
2. A natureza sacrificial da
Missa, solenemente afirmada pelo Concílio de Trento, de acordo com toda a
tradição da Igreja, foi mais uma vez formulada pelo Concílio Vaticano II,
quando, a respeito da Missa, proferiu estas significativas palavras: “O
nosso Salvador, na Última Ceia, instituiu o sacrifício eucarístico do seu Corpo
e Sangue, com o fim de perpetuar através dos séculos, até à sua vinda, o
sacrifício da cruz e, deste modo, confiar à Igreja, sua amada Esposa, o memorial
da sua Morte e Ressurreição”. Esta doutrina do Concílio, encontramo-la
expressamente enunciada, de modo constante, nos próprios textos da Missa.
Assim, o que se exprime de forma concisa nesta frase do Sacramentário Leoniano
“todas as vezes que celebramos o memorial deste sacrifício, realiza-se a
obra da nossa redenção” –aparece-nos desenvolvido com toda a clareza e
propriedade nas Orações Eucarísticas. Com efeito, no momento em que o
sacerdote faz a anamnese, dirigindo-se a Deus em nome de todo o povo, dá-Lhe
graças e oferece-Lhe o sacrifício vivo e santo; isto é, a oblação apresentada
pela Igreja e a Vítima por cuja imolação quis o mesmo Deus ser aplacado; e pede
que o Corpo e Sangue de Cristo sejam sacrifício agradável a Deus Pai e salvação
para o mundo inteiro. Deste modo, no novo Missal, a norma da oração (lex
orandi) da Igreja está em consonância perfeita com a sua ininterrupta norma de
fé (lex credendi). Esta ensina-nos que, para além da diferença no modo como
é oferecido, existe perfeita identidade entre o sacrifício da cruz e a sua
renovação sacramental na Missa, a qual foi instituída por Cristo Senhor na
Última Ceia, quando mandou aos Apóstolos que o fizessem em memória d’Ele.
Consequentemente, a Missa é ao mesmo tempo sacrifício de louvor, de acção de
graças, de propiciação, de satisfação.
3. O mistério admirável da presença
real do Senhor sob as espécies eucarísticas, reafirmado pelo Concílio Vaticano
II e outros documentos do Magistério da Igreja exactamente no mesmo sentido em
que tinha sido enunciado e proposto como dogma de fé pelo Concílio Tridentino,
é também claramente expresso na celebração da Missa, não somente nas próprias
palavras da consagração, em virtude das quais Cristo se torna presente por
transubstanciação, mas ainda na forma como, ao longo de toda a liturgia
eucarística, se exprimem os sentimentos de suma reverência e adoração. É este o
motivo que leva o povo cristão a prestar culto peculiar de adoração a tão
admirável Sacramento, na Quinta-Feira da Ceia do Senhor e na solenidade do
Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo.
4. Quanto à natureza do
sacerdócio ministerial, exclusivo do presbítero que em nome de Cristo
oferece o sacrifício e preside à assembleia do povo santo, a própria
estrutura dos ritos, o lugar de preeminência e a função mesma do sacerdote a
põem claramente em relevo. Os atributos desta função ministerial são enunciados
explícita e desenvolvidamente na acção de graças da Missa crismal, na
Quinta-Feira da Semana Santa, precisamente no dia em que se comemora a instituição
do sacerdócio. Nesta acção de graças é claramente afirmada a transmissão do
poder sacerdotal mediante a imposição das mãos; e é descrito este poder,
enumerando as suas diversas funções, como continuação do poder do próprio
Cristo, Sumo Pontífice da Nova Aliança.
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