Comunhão da Eucaristia

“Na verdade vos digo que, se vos não converterdes e vos não tornardes como meninos,
não entrareis no reino dos céus. Aquele, pois, que se fizer pequeno, como este menino,
esse será o maior no reino dos céus.” (Mateus 18,3-4)

A forma de comungar a Eucaristia utilizada na Igreja ao longo dos séculos é de joelhos e na boca. Esta forma representa para o fiel um gesto de adoração a Deus e representa também o fiel a ser alimentado directamente por Nosso Senhor em humildade e devoção, como os filhotes de passarinhos são alimentados pela mãe. Não nos podemos esquecer que o sacerdote reza a Santa Missa na pessoa de Cristo, é a Nosso Senhor que nos dirigimos para receber a comunhão.

Esta forma de comungar foi e continua a ser tão importante para a Igreja que nos nossos dias ainda é a norma universal de comungar, apesar de a prática que está mais generalizada ser comungar de pé e na mão. O Concílio Vaticano II não referiu a necessidade de alterar a forma de comungar e os Papas nunca alteraram a forma oficial de comungar.

A comunhão na mão é uma possibilidade que o Papa Paulo VI deu às Conferências Episcopais para decidirem se querem ou não permitir que seja praticada. O Papa Paulo VI na encíclica Mysterium Fidei de 3 de Setembro de 1965 refere até no ponto 64 a intenção de não se alterar a forma de comungar: “Isto não o dizemos para que se altere, seja no que for, o modo de conservar a Eucaristia ou de receber a sagrada comunhão, segundo foi estabelecido mais tarde pelas leis eclesiásticas ainda em vigor, mas somente para todos juntos nos alegrarmos por ser sempre a mesma a fé da Igreja.”. Em Maio de 1969 na instrução Memoriale Domini sobre a maneira de se distribuir a Sagrada Comunhão, e que possibilita às Conferências Episcopais solicitarem a possibilidade de comunhão na mão, é indicado que «o Santo Padre [Paulo VI] decidiu não modificar a maneira existente de administrar a Santa Comunhão aos fiéis». A Memoriale Domini, após consultar todos os bispos do mundo, divulgava os seguintes números:
    1. Pensa que se deve dar atenção ao desejo de que, além da maneira tradicional, se deva admitir o rito de receber a Sagrada Comunhão nas mãos?
    Sim: 597
    Não: 1.233
    Sim, mas com reservas: 315
    Votos inválidos: 20
2. Deseja que este novo rito seja primeiro experimentado em pequenas comunidades, com o consentimento dos bispos?
    Sim: 751
    Não: 1.215
    Votos inválidos: 70
3. Acha que os fiéis vão receber bem este novo rito, após uma adequada preparação catequética?
    Sim: 835
    Não: 1.185
    Votos inválidos: 128


A 10 de Outubro de 1975, a Conferência Episcopal Portuguesa obteve o indulto excepcional para os fiéis de Portugal poderem comungar na mão, com as seguintes normas:
a) A introdução do rito da comunhão na mão deve ser precedida de uma catequese oportuna, capaz de renovar o espírito de fé na Eucaristia, que se há-de manifestar até na maneira de os fiéis aceitarem em suas próprias mãos o Corpo do Senhor.

b) Esta maneira de comungar não deve ser imposta aos fiéis, pois a eles se deve deixar a escolha sobre a forma de receber a Eucaristia. Deste modo, não será de estranhar que, numa mesma celebração, haja quem receba a sagrada partícula na língua e quem a receba na mão. O ministro que distribui a comunhão nunca deve impor os seus gostos e preferências, nem substituir-se à vontade livre dos comungantes.

c) Quanto à comunhão na mão, pastores e fiéis devem preocupar-se em realizar o gesto de maneira digna e significativa. Para tanto, e segundo a antiga tradição, o ministro colocará o Pão consagrado na mão do fiel, o qual comungará antes de regressar ao seu lugar, por não parecer conveniente que o faça enquanto caminha, devendo ter ainda todo o cuidado com os fragmentos que eventualmente se desprendam.
(Nota pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa, de 10 de Outubro de 1975, Lumen, 1975, p. 460: EDREL 2823).

Actualmente a Igreja possibilita a comunhão Eucarística na boca ou na mão, de joelhos ou de pé.


A prática da comunhão Eucarística de joelhos e na boca ajuda a focar a atenção em Nosso Senhor que no Altar realizou o Sacrifício da Cruz por cada um de nós. Como somos seres humanos que usam também os sentidos para alimentar a alma, a forma como realizamos a nossa prática molda a forma como acreditamos, lex orandi lex credenti. Desta forma ajudamos a incrementar a Fé na Presença Real de Nosso Senhor na Hóstia Sagrada, deixando-nos alimentar humildemente por Nosso Senhor.



“Por esta causa dobro os joelhos diante do Pai,
do qual toda a paternidade nos céus e na terra toma o nome,
para que, segundo a riqueza da sua glória, faça crescer em vós o homem interior,
pelo seu Espírito, e que Cristo habite pela fé nos vossos corações” (Efésios 3, 14-17)


Durante vários séculos a comunhão foi recebida pelos fiéis junto ao altar da comunhão onde se ajoelhavam e recebiam directamente na boca. Existem várias razões para utilizar esta prática. A primeira é salientar uma diferença entre o Santuário e a Nave da Igreja, notando assim que no Santuário realiza-se um Mistério Sagrado, não sendo uma barreia mas sim uma marca. Aproximando-nos dessa marca notamos algo importante na Eucaristia: estamos já de algum modo a participar no Banquete Celeste, que irá um dia se realizar na plenitude.
Outra razão importante é a possibilidade proporcionada a cada fiel de com tempo, calma, recolhimento e devoção poder ajoelhado perto do Altar preparar-se para receber a Eucaristia, comungar e dar graças por receber Nosso Senhor. Como no altar da comunhão podem estar várias pessoas ao mesmo tempo ajoelhadas, a cada um é dado o tempo suficiente para tornar este momento um momento de enorme graça, de união a Deus e de partilha de um lugar sagrado com os irmãos.






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