quinta-feira, 7 de junho de 2018

Como crianças

"Deixai vir a mim os pequeninos e não os afasteis, porque o Reino de Deus pertence aos que são como eles.
Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como um pequenino, não entrará nele."
(Mc 10, 14-15).

O Senhor ensina-nos que para entrarmos no Reino de Deus temos de ser simples e humildes como uma pequena criança. Por isso o acreditar e a transmissão da Fé tem de ser algo simples e humilde, adequado aos simples e humildes, que possibilite acreditar como uma criança que pensava que era orfã e encontrou o Pai.

Hoje em dia, seguindo a lógica da sociedade, costuma-se transmitir a Fé como uma experiência enriquecedora para a nossa vida, em que Jesus vem dar um sentido e plenitude à nossa existência.
Esta forma falha no pedido do Senhor, não é uma forma simples e humilde pois vai depender das capacidades, da experiência e da sensibilidade de cada um. Não pode ser isto, pois isto não é a criança simples e humilde que procura o Pai, é apenas a sociedade que está edificada no Eu e que não consegue se abstrair de si. É o «Eu existo» e por isso procuro algo mais para mim.

Vamos seguir então à procura da simplicidade e humildade para compreendermos a transmissão da Fé. Começamos por seguir a oração que deve moldar o nosso coração.

No próximo Domingo, dia 10, temos na primeira leitura o Génesis na parte depois do pecado original, onde na queda dos nossos pais a humanidade se afastou de Deus. Por isso nós necessitamos da Redenção alcançada por Cristo e da entrada na Igreja pelo baptismo para recebermos os frutos da Redenção de Cristo e a Graça de Deus.

Na segunda leitura São Paulo indica-nos que "Diz a Escritura: «Acreditei; por isso falei». Com este mesmo espírito de fé, também nós acreditamos, e por isso falamos, sabendo que Aquele que ressuscitou o Senhor Jesus também nos há-de ressuscitar com Jesus e nos levará convosco para junto d’Ele." e que "Não olhamos para as coisas visíveis, olhamos para as invisíveis: as coisas visíveis são passageiras, ao passo que as invisíveis são eternas. Bem sabemos que, se esta tenda, que é a nossa morada terrestre, for desfeita, recebemos nos Céus uma habitação eterna, que é obra de Deus e não é feita pela mão dos homens."

No Evangelho o Senhor diz-nos que "Quem fizer a vontade de Deus esse é meu irmão, minha irmã e minha Mãe".


No Domingo anterior, dia 3, a oração depois da comunhão era a seguinte:
Guiai, Senhor, com o vosso Espírito
aqueles que alimentais
com o Corpo e o Sangue do vosso Filho,
de modo que, dando testemunho de Vós
não só com palavras mas em obras e verdade,
mereçamos entrar no reino dos Céus.

Nestas orações vemos os elementos do Caminho, Verdade e Vida que o Senhor nos fala, já temos todos os elementos para o acreditar e transmitir de forma simples e humilde a Fé.


Deus existe! Jesus é de verdade o Messias, o Filho de Deus. Nós estávamos presos e condenados ao pecado e à morte eterna mas Ele alcançou-nos a salvação. Pelo baptismo recebemos a Graça de Deus e nela devemos perseverar, cumprindo a vontade de Deus, guardando os Seus mandamentos e vivendo segundo a Caridade. No mundo somos apenas peregrinos que se dirigem para a pátria celeste.

Simples e humildes, como crianças, foi-nos transmitida a Verdade! Estávamos orfãos, perdidos e condenados mas afinal temos Pai! E com simplicidade e humildade já não sou Eu que existe, é Deus que existe! É aí que está a nossa certeza, Deus é eterno e nós apenas um pequeno momento na terra.
É esta a simplicidade, Deus existe e é nosso Pai! É esta a humildade, já não é a partir do Eu que vou considerar a vida e o mundo, mas a partir de Deus. É a partir d'Ele que vou edificar a minha vida, na rocha da Verdade. Edificada nos artigos da Fé, no Credo, em perfeita harmonia, suficientemente simples para uma criança aprender e profundos o suficiente para o mais erudito teólogo. Tudo o que temos de fazer é dar assentimento à Fé transmitida pela Igreja, é uma virtude em que na nossa liberdade damos assentimento, auxiliados pela Graça divina, a Deus e a tudo o que Deus nos revelou porque Ele é a Verdade.
Na Fé temos respostas ainda antes de sabermos formular as questões. Temos a simplicidade onde podemos edificar a nossa vida, onde visto à luz da Fé, tudo, nascimento, morte, sofrimento, alegria, amor, tudo pode ser compreendido, pelos simples e humildes.

Nós estávamos na ignorância, perdidos, à procura da Verdade e actualmente como sociedade e como membros da Igreja muitas vezes continuamos na ignorância, à procura de uma verdade dentro de nós quando ela está à nossa frente. Reduzimos a Fé a uma experiência em que acabamos por acreditar mais em nós do que em Deus.
Na ignorância considerávamos assim a existência e por isso a preocupação de sermos o centro da atenção:
No entanto a Verdade que o Senhor nos ensinou é esta:
Melhor descrito ainda, Deus amou-nos deste o princípio e um dia virá o Senhor instaurar o Seu Reino:
E é este o valor da Vida, que vai além da existência no mundo, é amor de Deus.
Quando consideramos a religião, a Fé católica, como uma experiência enriquecedora para a nossa vida já estamos a entrar no erro do mundo, do sentido utilitarista da vida. Em que a vida não faz sentido se não for plena, realizada, preenchida, atribuímos-lhe nós um valor e por isso queremos a Fé apenas se nos retribuir esse valor. Não! A vida provém do amor de Deus, tem um valor que vai para além do mundo, Deus criou-nos para o amar-mos, adorar-mos e servirmos. E o Senhor ensinou-nos que enquanto estivermos no mundo teremos sempre a cruz para carregar, uma vida de sacrifício e de renúncia é a vida do cristão, vida de luta contra o mal. No entanto, consola-nos e anima-nos aqui neste mundo a esperança da Redenção e o desejo do Céu, da visão de Deus. "Vinde Senhor Jesus" é a aspiração do cristão!

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