quinta-feira, 21 de junho de 2018

Não encontrei ninguém em Israel com tão grande Fé!

No Evangelho na cura do servo do centurião Jesus mostra-nos o que é ter Fé, vejamos:

"Entrando em Cafarnaúm, aproximou-se dele um centurião, suplicando nestes termos:
«Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico, sofrendo horrivelmente.»
Disse-lhe Jesus: «Eu irei curá-lo.» Respondeu-lhe o centurião:
«Senhor, eu não sou digno de que entres debaixo do meu tecto; mas diz uma só palavra e o meu servo será curado. Porque eu, que não passo de um subordinado, tenho soldados às minhas ordens e digo a um: ‘Vai’, e ele vai; a outro: ‘Vem’, e ele vem; e ao meu servo: ‘Faz isto’, e ele faz.»
Jesus, ao ouvi-lo, admirou-se e disse aos que o seguiam: «Em verdade vos digo: Não encontrei ninguém em Israel com tão grande fé! Digo-vos que, do Oriente e do Ocidente, muitos virão sentar-se à mesa do banquete com Abraão, Isaac e Jacob, no Reino do Céu, ao passo que os filhos do Reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá choro e ranger de dentes.»
Disse, então, Jesus ao centurião: «Vai, que tudo se faça conforme a tua fé.» Naquela mesma hora, o servo ficou curado." (Mt 8, 5-13)


A grande Fé que Jesus encontra no centurião é esta: O centurião reconhece a existência de Deus e que Jesus é na verdade o Filho de Deus, a Deus tudo é possível basta dizer e assim se faz e reconhece a humildade e diferença que existe entre nós e Deus.

É este o sentido da Fé, acreditar em Deus e no que nos revelou em Jesus e acreditando vivemos como servos e filhos de Deus.

A Fé não está dependente de uma experiência ou encontro, a Fé é reconhecer e acreditar em Deus. E como Homens e Mulheres que acreditam edificam a sua vida em Deus e para Deus.

Nas XIV jornadas catequéticas da diocese do Porto vem indicado que o catequista é testemunha porque se deixou encontrar, tocar, amar, transformar por Jesus Cristo e pela comunidade. Ainda que seja sem intenção, tentando mostrar o lado belo, é apresentada a Fé e a nossa resposta moldada no sentido do mundo e não no sentido do Evangelho. Isto reduz a Fé a um sentimento e a nossa resposta deixa de ser humilde para passar a ser edificada nos beneficios que a Fé me possa dar.

Esta ideia de uma Fé que se adquire ou transmite por causa de um sentimento ou experiência é contrário ao Evangelho, segue a lógica do mundo centrada no «Eu». Jesus diversas vezes lamentava-se porque as pessoas se não vissem sinais extraordinários e prodígios não acreditavam (por exemplo Jo 4, 48). Querendo que a Fé seja adquirida ou transmitida por causa da um sentimento ou experiência caímos no mesmo erro! A Fé do centurião era grande porque acreditava em Deus e que Jesus era na verdade o Filho de Deus e as suas acções correspondiam ao que acreditava.

Assim, o catequista é testemunha porque tem Fé, acredita em Deus e no que nos revelou, assim ama-O, conhece-O e serve-O porque é Deus, e daí amando o próximo no amor de Deus quer que também eles se salvem e conheçam, amem e sirvam a Deus.

Precisamos de recuperar o sentido da humildade, do dever, de praticar o Bem, a justiça, a santidade. Se acreditamos em Deus e no que nos revelou temos de ser verdadeiros Filhos de Deus, devemos reconhecer o dever de sermos bons servos e bons filhos, o dever de praticar o Bem, a justiça, a santidade. Não somos cristãos e levamos uma vida cristã apenas porque isso é bom para nós, nós somos e fazemos porque é isso que é justo e verdadeiro.

Jesus sofreu e deu a vida por nós e indicou-nos o caminho (da porta estreita) que devemos seguir para recebermos os frutos da Sua redenção e da salvação. É um convite que nos faz, explicando qual a realidade da vida. A esse convite respondemos sim ou não. Como podemos perante Jesus que sofreu e deu a vida por nós dizer-Lhe que primeiro temos de fazer a experiência, o encontro para vermos se é bom e importante para mim?

Às nossas crianças ensinamos que devem respeitar e escutar os mais velhos, não lhes dizemos para fazerem a experiência de estar com os mais velhos e depois decidem se os respeitam e escutam.

Temos de aprender a conversão, aprender a abandonar o «Eu» e colocar o coração em Deus, o mundo está edificado no orgulho mas Jesus pede-nos para nos edificarmos na humildade. Somos a criatura que reconhece o seu criador e tudo o que fez e faz por ela.

Não é verdade que na missa rezamos "Dêmos graças ao Senhor nosso Deus. É nosso dever, é nossa salvação. Senhor, Pai santo, Deus eterno e omnipotente,
é verdadeiramente nosso dever, é nossa salvação dar-Vos graças, sempre e em toda a parte por Cristo, nosso Senhor.
", não rezamos também que "Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha morada, mas dizei uma palavra e serei salvo"?

Não é verdade que no Pai-Nosso rezamos "Venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa vontade, assim na Terra como no Céu"? Pois o vir a nós o Vosso Reino é para Deus ser Nosso Senhor, um Rei bom, justo e misericordioso para com o qual temos deveres como servos e como filhos. A vontade que queremos que seja feita na Terra como no Céu é a vontade de Deus, seguirmos os Seus mandamentos, amá-lO com toda a alma e todas as nossas forças.

É esta entrega, este amor de colocarmos Deus sempre em primeiro lugar, este nosso dever e nossa salvação de darmos graças sempre e em toda a parte que Jesus nos fala no episódio de Maria e Marta (Lc 10, 38-42). Maria escolheu a melhor parte, que é escutar Jesus a falar-lhe de Deus e do Seu Reino. Nesse momento diz-nos também Jesus que está é a única coisa necessária.

"Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro mandamento." (Mt 22, 37-38).

A transmissão da Fé e o acreditar está aqui, entregamo-nos à melhor parte, amar o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. Acreditando é um dever que temos para com Deus, não depende de sentimentos, experiências ou dos benefícios que possamos receber.

É este amor, dever e entrega a fonte do amor ao próximo. Quem ama a Deus só pode fazer o que é bom, se pratica o mal mostra que deixou de amar a Deus. E quem deixa de amar a Deus nenhuma outra coisa lhe aproveita. É por isso que São Paulo indica "ainda que eu distribua todos os meus bens e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver amor, de nada me aproveita." (1 Cor 13, 3). Nada do que façamos, mesmo que sejam boas obras, nos aproveitam se não vieram da melhor parte, do amar a Deus sobre todas as coisas. Do reconhecimento e entrega ao nosso Senhor e nosso Deus.

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