sexta-feira, 13 de julho de 2018

Porque alguns não acreditam?

Partilho aqui as minhas respostas a duas questões que me colocaram «Que é acreditar em Deus?» e «O problema não é gramatical. É saber como se acredita na prática, como se reliza isso?».

Podem também partilhar as vossas respostas e colocar dúvidas para encontrarmos a melhor forma de ajudar quem não acredita.


«Que é acreditar em Deus?»
É acreditar no Deus único e verdadeiro que Jesus nos revelou.
Aqui inclui-se acreditar na Vida que vai para além do mundo, onde Deus nos amou ainda antes de existirmos e que quer que alcancemos essa Vida plena no Seu Reino.
Inclui-se acreditar na Verdade que nos indica que no mundo somos peregrinos para a nossa verdadeira casa que é o Céu e que no mundo estamos presos ao pecado e à morte eterna, cuja libertação obtemos pela Graça de Deus. Que fomos criados por Deus para O conhecermos, amarmos e servirmos.
Inclui-se acreditar no Caminho que é o próprio Jesus, Verbo de Deus, nosso Pastor e Guia que nos conduz na Graça de Deus para alcançarmos o Seu Reino, cumprindo a vontade de Deus. Caminho que mais do que nos humanizar e ajudar a formar uma comunidade de irmãos nos inscreve no Livro da Vida.
Inclui-se compreender o abismo que nos separava de Deus e que só com o Seu auxilio conseguimos alcançar a Salvação, que devemos perserverar na Fé e nas boas obras, permanecer na Igreja por Ele fundada, que é o Corpo Místico de Cristo, começo e semente do Seu Reino na Terra.
Inclui-se compreender que o pecado para além de nos desumanizar e afastar dos irmãos nos afasta da Graça de Deus e da Salvação.


«O problema não é gramatical. É saber como se acredita na prática, como se reliza isso?».
Realiza-se da seguinte forma:
A Fé é acreditar em Deus e no que nos revelou.
Perante a transmissão do depósito da Fé (o que indiquei na outra resposta) o Homem submete completamente a Deus a inteligência e a vontade; com todo o seu ser, dá assentimento a Deus revelador, auxiliado pela Graça de Deus.
Mas para ser movido a acreditar e procurar a Fé é necessário primeiro ser movido pela Graça de Deus, o Homem sozinho não o consegue fazer.
Porque então alguns não acreditam e não procuram, Deus não lhes dá essa Graça?
Pelo contrário, dá e deu-lhes possívelmente várias vezes, mas o Homem se estiver ocupado e distraído em obras que não são boas não repara na Graça e afasta-a:
"Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no Filho Unigénito de Deus. E a condenação está nisto: a Luz veio ao mundo, e os homens preferiram as trevas à Luz, porque as suas obras eram más. De facto, quem pratica o mal odeia a Luz e não se aproxima da Luz para que as suas acções não sejam desmascaradas. Mas quem pratica a verdade aproxima-se da Luz, de modo a tornar-se claro que os seus actos são feitos segundo Deus." (Jo 3, 18-21)

Assim na prática são necessárias duas coisas:
- Transmitir a Verdade, o depósito da Fé completo e não apenas as coisas boas e humanamente bonitas
- Proporcionar às pessoas momentos onde a Graça possa agir e elas se possam abrir e descobrir a Graça que lhes está a ser dada para se moverem a caminho da Fé

Por isso para o primeiro ponto é importante não reduzirmos Jesus a um bom amigo, à alegria do Evangelho, ao amor, esquecendo que somos chamados a ser Filhos de Deus, falar da salvação e do pecado de forma clara, temos de falar do Caminho, da Verdade e da Vida e não apenas numa espécie de salvação no mundo, numa vida melhor, temos de falar na vida na Graça de Deus. Tudo não porque é bom para nós mas porque é o justo e verdadeiro.

Por isso para o segundo ponto é tão importante não se reduzir a missa a convivio comunitário, celebração da alegria e da fraternidade entre os irmãos mas dar espaço ao oferecimento, ao silêncio, aprender a rezar intimamente, ver o Calvário no Altar, dar espaço à devoção e à piedade, aprender a simplesmente estar na casa de Deus e não estar sempre ocupado num levanta/senta/canta/responde.

Por isso para o segundo ponto é tão importante aprendermos a fazer as coisas para Deus sem termos de colocar-nos sempre no centro das atenções, a área do santuário da igreja é um bom exemplo onde em vez de se tornar sagradamente um espaço onde tudo é dedicado a Deus como quem abre uma janela para o Céu não faltam ali elementos humanos como faixas com palavras, adornos como se fosse um palco a falar da nossa vida no mundo, onde se retiraram os santos e a beleza, onde se retirou o sacrário, onde o padre se torna o centro da atenção, tudo coisas que tapam a vista da janela para o Céu.

Por isso para o segundo ponto é tão importante termos igrejas belas onde se entra e se respira logo uma atmosfera diferente. Precisamos de tornar o nosso agir e as nossas comunidades em espaço de devoção e piedade.

Transformamos tudo de forma a ser humanamente enriquecedor, onde se celebra a alegria e o amor, isto para quem acredita até pode ser bom mas esquecemo-nos dos que não acreditam, colocamo-nos entre eles e a Graça que lhes estava a ser dada. Estamos a dizer-lhes vê-de como é belo acreditar mas eles sem a Graça inicial não vão perceber.
 

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