O padre Paulo Ricardo, nesta semana, proporcionou-nos uns textos muito belos sobre o Pão da Vida que é Jesus na Eucaristia, vale bem a pena ler:
"Hoje, o Senhor dá início ao seu famoso discurso sobre o pão da vida.
O povo que o vem seguindo, como sabemos, se alimentou do pão e dos
peixes que Ele multiplicara há poucos dias; mas esse pão é ainda
perecível, passageiro, cuja produção requer trabalho e esforço. Agora, o
Senhor promete-nos um alimento que não se perde, mas “permanece até a
vida eterna”. Também esse alimento, que poucos versículos à frente será
identificado com o próprio Corpo de Cristo, supõe um trabalho, uma obra:
crer naquele que o Pai enviou. A primeira das boas obras que, como cristãos, estamos chamados a praticar é, portanto, a obediência da fé. Trata-se, é claro, de uma obra motivada por um toque da graça:
é o Senhor ressuscitado que, tocando a nossa alma, dá-nos força para
crermos e, crendo, nos deixarmos alimentar do seu amor. É com essa fé
que nos devemos aproximar da S. Eucaristia, sob cujas aparências Ele
está verdadeiramente presente. É com essa mesma fé que, ao longo do dia e
sobretudo nos momentos de oração, devemos elevar nosso espírito a
Jesus, manifestando-lhe o desejo de o recebermos com pureza, humildade e
devoção. Sem essa fé, sem essa firme adesão de alma e coração à verdade
e ao amor de Cristo, estaremos malbaratando nossas comunhões
sacramentais, estaremos recebendo o Senhor em nosso corpo, mas sem a
disposição de lhe abrirmos nossa alma. Por isso, peçamos hoje a Nosso
Senhor que nos infunda um espírito de fé, de uma fé mais firme e
enraizada, para que possamos sentir o doce sabor espiritual que
experimentam os que lhe comungam o Corpo e o Sangue, não por costume nem
com indiferença, mas com aquela fé que tanto agrada o coração de Deus."
"O Senhor declara-nos no Evangelho de hoje ser o pão da vida. Ele é o pão vivo (ὁ ἄρτος ὁ ζῶν) descido do céu para dar a vida eterna
aos que nele crerem e dele comerem: “Quem comer deste pão”, diz Jesus
referindo-se a si mesmo, “viverá eternamente”. Vale a pena notar que o
termo “vida”, em todas as suas ocorrências na leitura de hoje, traduz a
palavra grega ζωή, que designa uma vida de outra qualidade, distinta ou
superior à vida meramente biológica, natural. Trata-se, como sabemos, da
própria vida divina, da qual nos tornamos participantes mediante a graça de Cristo. Esta graça, como também já vimos em meditações passadas, é ao mesmo tempo sanante e elevante:
sanante, em primeiro lugar, por introduzir ordem nas potências da nossa
alma; elevante, enfim, por fazer-nos participar de uma vida nova,
imensamente superior à nossa — a vida íntima da SS. Trindade. Jesus
Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, participa no mais alto grau
desta vida divina. Por isso, quando a Ele nos unimos, sobretudo na
Eucaristia, em que recebemos o seu toque físico e sacramental, somos
submergidos nessa superabundância de vida em que Ele vive. Ao
comungarmos, assemelhamo-nos a barras de ferro metidas na fornalha:
incandescemos de amor, perdemos a ferrugem que antes nos corroía e,
fundidos na chama ardente dessa união, “transformamo-nos” naquilo mesmo
que nos abrasa. Limpando-nos das impurezas e ferrugens da nossa alma, a
graça nos sana; fazendo-nos participar do fogo de amor da natureza
divina, ela nos eleva. Que as nossas comunhões possam ser mais devotas e
frequentes, a fim de tomarmos cada vez mais parte na vida de Nosso
Senhor, a quem contemplaremos um dia no céu como prêmio depois de o termos recebido como viático na terra."
"Jesus, concluindo hoje o seu sermão eucarístico, diz aos judeus que “se não comerdes a carne do Filho do homem e não beberdes seu sangue,
não tereis a vida em vós”. A presença dos termos “carne” e “sangue” na
fala de Nosso Senhor é um indício claro e expressivo da natureza sacrificial da Eucaristia. Cristo é verdadeiramente vítima de expiação: de sua carne, macerada até a morte, será separado o sangue da nossa redenção. Isto, por sua vez, nos coloca diante de uma aparente contradição: a vida se adquire perdendo-se.
Na cruz, Ele cumpriu até o fim a vontade do Pai, entregando a própria
vida para que nós dela participássemos. Cristo, vaso sagrado e repleto
até a boca do mais suave perfume, deixou-se quebrar para que o bálsamo
de sua graça se espalhasse por todo o mundo. É pois pela morte do Deus feito homem que nós nos tornamos deuses em sua vida imortal.
“Minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue é verdadeira bebida”,
porque o seu sacrifício na cruz é fonte de vida e de alimento: perdendo
sua vida biológica em meios às piores dores, Cristo infunde nos que nele
crêem a sua própria vida divina, ou seja, a mesma vida que Ele
tem com o Pai: “Como o Pai, que vive, me enviou e eu vivo para Ele,
assim quem come a minha carne viverá para mim”. Que em nossas comunhões
possamos lembrar-nos sempre de que nela nos é comunicada a vida de Nosso
Senhor, que não recusou morrer para que os que tanto amou vivessem
eternamente."
Podem ser lidos aqui:
https://padrepauloricardo.org/episodios/a-comunhao-espiritual
https://padrepauloricardo.org/episodios/participantes-da-natureza-divina
https://padrepauloricardo.org/episodios/a-vida-que-se-ganha-com-a-morte
Por este dom magnífico do Pão da Vida se compreende melhor a Fé e o que Deus nos dá. Coloco também o texto do Padre Paulo Ricardo "Salvos pela fé no amor divino":
"Celebrando hoje a memória de S. Estanislau, bispo e mártir, a Igreja nos
proclama um trecho do Evangelho em que se destaca, de modo particular, o
amor de Deus por nós manifestado no envio de seu Filho ao
mundo. De fato, podemos dizer que a leitura de hoje resume num só
versículo aquilo que é o centro da boa-nova de Cristo: “Deus amou tanto o
mundo”, diz Ele por boca de S. João, “que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna”. O amor de Deus se manifesta, assim, no fato de podermos crer
no Filho, nascido de mulher, entregue à morte pela nossa salvação e,
neste tempo de alegria pascal, ressuscitado gloriosamente, como primícia
dentre os mortos, para associar-nos à sua vida imortal. O Pai deu-nos o
Filho para que, nele crendo, não pereçamos. Por isso, o dom da
fé, que nos foi concedido no Batismo, é uma das expressões mais
palpáveis do amor que Deus nos tem: é pela fé em Cristo, vivificada pela
caridade, que nos salvamos, e essa fé está agora à nossa disposição,
acessível aos que, de coração reto, não rechaçam a verdade conhecida e
se deixam tocar pela graça divina. Deus nos amou mais do que podemos
imaginar, entregando à morte o próprio Filho, feito vítima de
propiciação pelos nossos pecados. E não só isso: deu-nos também, pelo
mesmo Filho, a graça de crermos neste seu amor sem limites,
causa da nossa eterna salvação. Que Ele nos conceda continuamente o
incremento desta fé, dessa dócil, fiel e obediente abertura à caridade
salvífica de Cristo crucificado: “Quem nele crê não é condenado”."
https://padrepauloricardo.org/episodios/salvos-pela-fe-no-amor-divino
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