sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Reflexões várias

Dignidade e liberdade Humana:
O documento do Vaticano II, Dignitatis Humanae, ao falar da liberdade e dignidade do Homem alicerça-a na busca de Deus e da Verdade. Só existe verdadeira liberdade e dignidade Humana se procuramos Deus e a Verdade e se quando encontramos a Fé a Verdade nelas permanecemos.

"Em primeiro lugar, pois, afirma o sagrado Concílio que o próprio Deus deu a conhecer ao género humano o caminho pelo qual, servindo-O, os homens se podem salvar e alcançar a felicidade em Cristo. Acreditamos que esta única religião verdadeira se encontra na Igreja católica e apostólica, à qual o Senhor Jesus confiou o encargo de a levar a todos os homens, dizendo aos Apóstolos: «Ide, pois, fazer discípulos de todas as nações, baptizando os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a cumprir tudo quanto vos prescrevi» (Mt. 28, 19-20). Por sua parte, todos os homens têm o dever de buscar a verdade, sobretudo no que diz respeito a Deus e à sua Igreja e, uma vez conhecida, de a abraçar e guardar."
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"Mas a verdade deve ser buscada pelo modo que convém à dignidade da pessoa humana e da sua natureza social, isto é, por meio de uma busca livre, com a ajuda do magistério ou ensino, da comunicação e do diálogo, com os quais os homens dão a conhecer uns aos outros a verdade que encontraram ou julgam ter encontrado, a fim de se ajudarem mutuamente na inquirição da verdade; uma vez conhecida esta, deve-se aderir a ela com um firme assentimento pessoal."
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"Pelo que este Concílio Vaticano exorta a todos, mas sobretudo aos que têm a seu cargo educar outros, a que se esforcem por formar homens que, fiéis à ordem moral, obedeçam à autoridade legítima e amem a autêntica liberdade; isto é, homens que julguem as coisas por si mesmos e à luz da verdade, procedam com sentido de responsabilidade, e aspirem a tudo o que é verdadeiro e justo, sempre prontos para colaborar com os demais."
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"Deus chama realmente os homens a servi-lo em espírito e verdade; eles ficam, por esse facto, moralmente obrigados, mas não coagidos. Pois Deus tem em conta a dignidade da pessoa humana, por Ele mesmo criada, a qual deve guiar-se pelo próprio juízo e agir como liberdade."
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"Os fiéis, por sua vez, para formarem a sua própria consciência, devem atender diligentemente à doutrina sagrada e certa da Igreja. Pois, por vontade de Cristo, a Igreja Católica é mestra da verdade, e tem por encargo dar a conhecer e ensinar autenticamente a Verdade que é Cristo, e ao mesmo tempo declara e confirma, com a sua autoridade, os princípios de ordem moral que dimanam da natureza humana."

Porque se esvaziam as igrejas?
A ida à igreja não pode estar dependente de o que vou lá fazer e escutar ser para mim "interessante", de estar dependente do que o padre faz ou diz.
Penso que este é o problema de colocarmos a nossa felicidade como o valor mais alto. A ida à igreja faz-se porque queremos prestar culto a Deus e viver na Graça de Deus nos Sacramentos. Se as igrejas se esvaziam é porque se perdeu a ligação a Deus e nós nos tornamos no centro e destino. Acontece quando em vez da Graça se procura a felicidade e acontece quando a nossa vida se torna mais importante do que a Verdade e a Vida que existem para além da nossa existência aqui no mundo. Ao concentrar-nos em nós e na nossa felicidade estamos a construir a casa pelo telhado.

A missa é culto a Deus, vem da virtude da religião, vem do desejo de darmos a Deus toda a honra e glória, do desejo da Graça de oferecermos com Cristo no Altar e nos alimentarmos do alimento da vida eterna, o centro de atenções da missa é Deus e não nós.

Melhorar as homilias é um bom caminho, mas não vamos estancar ou alterar o esvaziamento das igrejas enquanto as pessoas não compreenderem a edificarem a casa pelo que é eterno, pela Verdade, pela Vida, pelo Bem que é o próprio Deus. Tudo isto é bom e justo independentemente de nós, da nossa existência, da nossa vida e felicidade, estas penso que vamos encontrar no telhado desta edificação. Ainda na edificação, nos alicerces encontra-se a Fé firme e esclarecida, mesmo que seja simples, mas que sabe e dá o assentimento ao que a Igreja sempre ensinou desde o tempo dos Apóstolos.


A felicidade e a alegria cristã:
As palavras «felicidade» e «alegria» podem ser mal interpretadas se forem consideradas como o mundo as promove.
Se as não compreendermos à luz da Salvação podemos pensar que são promessas de felicidade e alegria como tantas outras que nos são feitas por anúncios, pelo consumismo, pelo niilismo, pelo egoísmo do Eu. E nesse caso a mensagem da Igreja deixa de ser credível, torna-se uma promessa como tantas outras.

A alegria cristã se for considerada como a alegria normal da vida no mundo, apenas num plano sentimental e afectivo perde a verdadeira dimensão que tem.
A alegria cristã não é apenas um estado afectivo, uma emoção feliz que por vezes está ligada ao amor humano ou à interacção social.
A alegria cristã é fruto da virtude da Caridade, e a Caridade é caracterizada pela correcta ordem do Amor: colocar Deus primeiro e a partir daí ordenar todo o amor em referência a Deus.

A alegria cristã não pode estar desligada da Cruz.
Termos alegria cristã não significa que estamos livres de sofrimento e dor, estas fazem parte da vida cristã, de levarmos a Cruz.
Na alegria cristã não significa que estamos sempre "felizes" e alegres.
O caminho da alegria cristã e da vida cristã não vai levar-nos sempre a sentir felicidade.

A missão da Igreja não é levar-nos a sentirmos o amor de Deus mas sim em primeiro lugar a missão da Igreja é levar-nos a saber e confiar que somos amados por Deus, independentemente do que sentirmos no momento.

Muitas vezes não vamos sentir alegria e felicidade, mas sabemos e confiamos que Deus nos ama, e apesar de no momento não sentirmos a alegria e felicidade temos na mesma em nós a alegria Cristã, porque sabemos que Deus nos ama.

Assim, a nossa missão de levar a alegria e felicidade no mundo tem de partir da virtude da Caridade, de ordenar primeiro o amor a Deus e sabermos e confiarmos que Deus nos ama.

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